Em 2021,18 girafas foram trazidas de avião e levadas para um resort, em Mangaratiba. Dois meses depois, três animais morreram ao tentar fugir do confinamento. Pouco depois, outro animal morreu. Catorze continuam vivendo no mesmo local. Ibama determina que girafas importadas pelo Bioparque do Rio sejam repatriadas para continente africano
O Ibama determinou, nesta quinta (28), que as girafas que foram importadas pelo Bioparque do Rio em 2021, sejam repatriadas para países africanos, como Angola e África do Sul, ou zoológicos.
Há 3 anos, 18 girafas foram trazidas de avião do continente africano e levadas para um resort, em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Dois meses depois, três animais morreram ao tentar fugir do local onde estavam confinados. Dois anos depois, uma quarta girafa morreu de uma doença muscular.
Catorze animais continuam vivendo no mesmo local. Além da determinação de repatriação, o Ibama multou a empresa por maus-tratos e ordenou a perda da posse dos animais.
Segundo a coordenadora geral de fauna do Ibama, Gracicleide dos Santos Braga, estão sendo avaliadas as possibilidades e o zoológico de Curitiba e a Associação de Zoológicos do Brasil já manifestaram interesse em ficar com os animais.
“Esse processo de destinação esperamos finalizar até primeiro semestre do ano que vem considerando que tem que fazer avaliação saúde e bem-estar dos animais pra poder colocar eles aptos pra transporte e efetuar destinação”, disse a coordenadora.
Ana Paula de Vasconcelos, advogada do Fórum de Defesa Animal, afirma que é contra a destinação das girafas para jardins zoológicos.
“Nós entendemos que as girafas não podem ser encaminhadas para zoo, uma vez que elas serão exploradas, e o objetivo de quem trouxe de maneira ilegal será atingido. Não é justo depois de tudo o que aconteceu, ilegalidade escândalo, esses animais ainda sirvam de entretenimento humano”.
A soma das multas aplicadas ao Bioparque ultrapassa os R$ 4 milhões. Para a Polícia Federal, foi o maior caso de tráfico de animais da história do Brasil.
O laudo da necropsia revelou que as girafas passaram por muito sofrimento antes da morte. Elas tiveram hematomas, lesões pulmonares e coágulos cardíacos.
De acordo com os investigadores, as girafas foram acomodadas em baias de 31 metros, com pouca luz, alta umidade, mobilidade limitada e cercadas de excrementos. O Bioparque reformou as baias e aumentou a área de circulação dos animais.
O assunto foi parar na justiça. O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou que o processo corre em Mangaratiba e que foi remetido ao juiz, nesta quarta-feira (27), para análise de pedidos feitos pelas partes envolvidas na ação.
Procurado pelo RJ2, o Bioparque do Rio disse que desde a chegada dos animais seguiu as orientações de órgãos reguladores, como o Ibama, o Inea e o Ministério da Agricultura, e teve consultorias nacionais e internacionais para assegurar a adoção de práticas de excelência.
A instituição reiterou que as 14 girafas estão em boas condições, recebendo cuidados de uma equipe especializada, e negou que houve maus-tratos. O Bioparque reafirmou seu compromisso com a transparência, a colaboração com as autoridades e, principalmente, o bem-estar de todos os animais.
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